A vitamina D é um hormônio esteroide com atuação em várias funções no nosso organismo, como no metabolismo do cálcio e do fósforo, homeostase dos processos celulares enfim, o espectro de ação da vitamina D é tão amplo que estudos demostram que ela tem mais de 900 genes-alvos potenciais, isto é, cerca de 3% do genoma humano. Ela participa de vários processos metabólicos e sinalizadores moleculares, sua deficiência poderá dificultar essas funcionalidades celulares ocasionando lesão de forma crônica, facilitando o aparecimento de doenças. A vitamina D afeta o crescimento e diferenciação celular de várias classes, como macrófagos, células dendríticas e linfócitos T e B. Seu efeito imunomodulador tem ligação com várias doenças autoimunes como artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, diabetes mellitus tipo 1 e esclerose múltipla. Dosagens baixas de vitamina D também estão relacionadas às doenças crônicas como insuficiência cardíaca, coronariopatias e obesidade.

A vitamina D é produzida através da radiação solar ultravioleta B, a pele produz em torno de 80 a 90% da vitamina D necessária para o organismo. Vários fatores alteram esse processo como o comprimento de onda (290-315 nm), o número de fótons absorvidos, aumento da pigmentação da pele, uso de protetor solar e o ângulo da luz solar. Os outros 10 a 20% provém da dieta, porém são poucos os alimentos que apresentam quantidade significativa da vitamina como o salmão selvagem e de criação, sardinha em conserva, cavala e atum em conserva, gema e cogumelos frescos ou secos ao sol.

Os níveis considerados normais são acima de 20 ng/ml porém esse valor é uma média da população geral e para pacientes com fatores de risco o ideal seria de 30 a 60 ng/ml. Sabemos que para “função protetora” quanto mais próximo do valor elevado melhor, então podemos analisar que o melhor seria acima de 60 ng/ml.

A ação imunomodulatória da vitamina D ocorre por sua presença nas células imunes em proliferação e a capacidade das células imunológicas de metabolizar a vitamina D. Essa vitamina produzida no ambiente linfoide atua sobre as células imunes de forma intracrina, autócrina e parácrina.

Jacobs e colaboradores realizaram um estudo em 2016 que demonstrou que mulheres com concentrações de 40 ng/ml ou mais apresentaram uma redução de 67% no risco de câncer em relação às mulheres com níveis de 20 ng/ml ou menos. Outro estudo realizado por McDonnell e colaboradores em 2018 demonstrou uma redução significativa no risco de cânceres invasivos. Enfim, existem inúmeros trabalhos relacionados a menor risco de câncer em pessoas com concentração sérica maior que 30 ng/ml de vitamina D.

Podemos entender que baixos níveis de vitamina D apresentam maiores níveis de inflamação e carga oxidativa o que propicia as doenças crônicas, por isso a suplementação de vitamina D para atingir níveis satisfatórios é de extrema importância. A suplementação pode ser realizada através de cápsulas ou gotas, hoje já encontramos produtos das indústrias farmacêuticas ou em farmácias de manipulação.

 

 

Referências:

  • Jorge AJL, Cordeiro JR, Rosa MLG, Bianchi DBC, Vitamin D Deficiency and Cardiovascular Diseases. International Journal of Cardiovascular Sciences. 2018;31(4)422-432
  • Kratz BD, Silva e GS, Tenfen A, Deficiency of Vitamin D (25OH) and its impact f the quality of life: a literature review. Brazilian Journal of Clinical Analyses